No ano passado, todos os estados-membros da ONU aprovaram a designação do ano de 2021 como o Ano Internacional dos Trabalhadores de Saúde e Cuidados. Diante de uma pandemia, é cada vez mais evidente a importância do profissional de enfermagem para que as políticas de saúde aconteçam na prática. Neste dia 20 de maio, em que resgata a memória de Ana Néri, primeira enfermeira do Brasil, A Organização Social Mãos Amigas foi conhecer alguns dos quase 600 profissionais da área que atuam para promover a saúde da população de Embu das Artes. Entre diversas características citadas, uma se destaca como fundamental ao profissional de enfermagem: empatia.
Os profissionais de enfermagem em Embu das Artes são, em maioria absoluta, do sexo feminino. Segundo os dados levantados pela coordenadora de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde do município, Daniela Caroline do Nascimento Vieira, elas representam 82,25% dos enfermeiros e 89,39% dos técnicos e auxiliares de enfermagem. Todos os profissionais com mais de 60 anos de idade no município são mulheres. A idade, inclusive, é um elemento de destaque no levantamento. Mais de 81% dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem vinculados ao município tem mais de 35 anos de idade. Já em relação aos diferentes níveis de funções, a Secretaria Municipal de Saúde conta com 169 enfermeiros, o que equivale a 29,91% dos profissionais de enfermagem. Já os técnicos e auxiliares somam 396 profissionais, o que equivale a 70,09% do total.
O gerente técnico regional da Mãos Amigas em Embu das Artes, Yuri Sousa, é enfático sobre a importância dos profissionais de enfermagem para assegurar a qualidade dos atendimentos e acompanhamentos realizados nas unidades. “Temos a felicidade de contar com profissionais altamente qualificados e que, para além da capacidade técnica, sabem acolher e ouvir atentamente aos usuários. É clara e evidente a dedicação de todos os enfermeiros, técnicos e auxiliares para que os pacientes tenham toda a atenção e orientação necessários para realizar tratamentos, melhorar seu quadro de saúde e alcançar maior qualidade de vida”, afirma. A Organização Social atua desde março de 2021 no município e está a frente da gestão das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e outros serviços vinculados a atenção básica de saúde.

As visitas domiciliares são fundamentais para compreensão do contexto dos usuários e de seus problemas de saúde.
Experiência que salva vidas
A coordenadora de enfermagem da atenção básica de Embu das Artes, Gleice Borges do Amaral, atua como enfermeira há 16 anos. Destaca a sua atuação na Estratégia de Saúde da Família, na qual teve a oportunidade de entrar na casa dos pacientes e enxergar os problemas de saúde para além dos sintomas. Ela recorda o caso de uma paciente com crise de hipertensão arterial. No processo de escuta, perceberam que o problema tinha forte componente emocional. Após o atendimento inicial, buscaram formas para tratar a causa dos sintomas, como o encaminhamento para atendimento psicológico, entre outras medidas. “É preciso entender o contexto em que as pessoas vivem, é isso que vai fazer a diferença”, completa.
Outra referência no município é a enfermeira Albertina Oliveira Duarte Marcolan (foto). Formada em 1984, ela atua como enfermeira em Embu das Artes há 32 anos. Sua trajetória no município a levou para a região rural da Cidade. Atua na UBS Ressaca há 18 anos, sendo 16 destes como gerente da unidade. Por essa razão, é uma pessoa muito conhecida na região e que já atendeu várias gerações de usuários. Ela também destaca a importância da Estratégia de Saúde da Família como uma forma de se aproximar das pessoas e enxergar o paciente além dos sintomas. “A UBS é onde chegam todas as demandas, desde os casos mais simples aos mais complexos. Por isso, é preciso conhecer muito bem o território em que atua, pois só assim é possível observar profundamente as realidades, os problemas e o contexto que, em muitos casos, se externalizam através de enfermidades”, destaca.
Mesmo com tanto tempo de atuação, Albertina destaca que ainda é muito difícil lidar com a perda de pacientes. Mas também se emociona quando há demonstrações de afetividade e gratidão por sua atuação na vida de alguém. É o caso de uma paciente que foi acolhida com diversos nódulos no pescoço. Recebeu da UBS os encaminhamentos e fez todo o tratamento para curar um câncer na tireoide. Assim que recebeu alta, procurou a enfermeira para lhe agradecer por sua atenção e cuidado, que lhe salvaram a vida.
Gleice e Albertina destacam que há características que são fundamentais ao profissional de enfermagem. Além do conhecimento técnico, qualidade de formação e destreza manual, é preciso saber atuar em equipe, ouvir além do que o paciente diz e saber a hora certa de agir. Para além de um olhar de caridade, é imprescindível a prática da empatia e a construção de vínculos para que o profissional consiga atender bem aos usuários. Dedicação e comprometimento são características indissociáveis de quem trabalha diariamente para promover qualidade de vida à população. E cabe a todas e todos valorizarem e reconhecerem a importância dos profissionais da enfermagem.